Abortismo e manipulação lingüística

2012-08-06-Week-7-of-Pregnancy-Week-by-Week-Pregnancy-Calendar-3Modelo de feto com sete semanas de vida.

Tenho notado que boa parte das controvérsias relacionadas à defesa do aborto está relacionada ao uso da linguagem, em especial em duas situações:

1) Muitas pessoas que são favoráveis ao aborto repetem com freqüência a seguinte frase: «a mulher tem o direito de escolher». Repare que a frase omite o objeto. Escolher o que? Quais são as escolhas que a mulher tem diante de si quando se lhe oferece a possibilidade do aborto? Se houvesse honestidade por parte dos abortistas, a frase completa seria «a mulher tem o direito de escolher entre matar o feto e deixá-lo desenvolver-se e nascer».

Nas discussões jurídicas, o verbo «matar» tem sido substituído por um eufemismo macabro: «interrupção terapêutica da gravidez», o que é ainda pior do que omitir partes de uma frase. «Terapia» significa «procedimento para tratamento de uma doença», como se a gravidez pudesse ser uma doença, como se o feto pudesse ser um vírus ou um parasita. Para ficar na questão da linguagem: que nome poderia ser dado a uma pessoa que considera o aborto uma terapia, a gravidez uma doença e o feto um parasita?

2) Por mais que se apóie no slogan que diz que o feto não é um ser humano, a mulher aborta não porque acredita não ter condições de cuidar de um feto, mas de uma criança. Em outras palavras, a mulher não aborta porque não suporta a gravidez, mas porque acha que não suportará a maternidade. Ela aborta não para livrar-se do feto, mas para livrar-se do bebê sem precisar vê-lo, sem precisar tê-lo nos braços.

Logo, a mulher grávida SABE que o que ela está abortando não é, no jargão abortista, «um simples punhado de células», mas um ser dotado de humanidade, um ser que desde a concepção JÁ TEM individualidade e que em alguma medida JÁ É uma pessoa. Esta individualidade já foi demonstrada pela medicina (embriologia, genética etc.) independentemente do estágio de desenvolvimento, mas os abortistas insistem em escondê-la.

Oras, um «punhado de células» que se torna uma pessoa não é um mero «punhado de células». Um pé de alface também pode ser considerado um «punhado de células». Só que o feto se torna uma pessoa inteira e um pé de alface continuará sendo um pé de alface até sua morte. Logo, a expressão «punhado de células» não quer dizer nada. Se, no entanto, ela é usada para referir-se a um ser vivo dotado de humanidade, fica claro que não se trata de um uso correto de uma expressão exata, mas de uma enorme e abominável canalhice lingüística.

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Nos dois casos — seja na omissão intencional do objeto do «direito de escolha», seja no uso de expressões como «punhado de células» — os objetivos são sempre os mesmos: banalizar a vida humana, esconder o fato de que o aborto é assassinato, desumanizar o ser humano em formação, reduzi-lo à materialidade mais vazia possível, tudo para que possa ser descartado sem o menor critério, sem o menor remorso.

Fotos, votos e quimeras

smoking

— As coisas andam lentas por aqui porque eu estou numa fase mais visual. Não costumo misturar imagens com pensamentos — é como misturar fermentado com destilado –, mas talvez eu me arrisque em breve e tente transmitir aqui parte do que me veio à mente quando saí de bicicleta para fotografar.

— Minha avó fez 80 anos neste 8 de abril. Ariana, monossilábica e digna da vida longa que tem. Ela já não faz mais os bolos que adoçavam os domingos meus e de meus primos, mas segue como símbolo de muitas outras coisas boas. Que Deus a abençoe.

Páscoa é renascimento. Há data mais feliz e auspiciosa do que esta? Que todos celebrem com suas famílias e sejam igualmente abençoados com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.

— Poucas coisas são tão importantes quanto o bom coração. É virtude rara não ver o mal ao observar as ações de outrem. Você vê um motorista dirigindo perigosamente e sabe que pode imaginar que ele tem uma boa razão para ter pressa — e deseja, com sinceridade, que ele chegue salvo e em plenas condições de se refazer da perturbação em que se encontrava. Imaginar e desejar o mal é fácil; reconhecer o bem onde quer que haja chances dele existir, por menores que sejam, é difícil e necessário. Não há receita; há prática constante. Ter bom coração filosófica, intelectual e espiritualmente falando assemelha-se a tê-lo em termos fisiológicos — cuidado, atenção, exercício e nutrição.

A revista Claudia mergulhou definitivamente no lodaçal do aborto. Entre os sofismas aos quais a extensa matéria apela está a idéia de que a legalização do aborto é sinal de progresso e de que ser contra é sinal de medievalismo — assim, simplesmente, na cara dura mesmo; há até infográficos. Defender a vida não é algo que dependa do tempo, do lugar, da cultura; não há momento inadequado para defender a vida, não há cultura em que a morte de um ser humano inocente seja moralmente defensável e desejada. Só no mundinho satânico dos abortistas é possível lutar com todas as forças pelo direito de acabar com vidas inocentes e regozijar-se com isso. É a crueldade em seu estado mais puro. Aliás, quem quiser descer o porrete na revista Claudia, use este link.

— Só eu tenho nojo do racismo do presidente? Num país decente todo racismo é repudiado. Num país indecente, depende do matiz. Alguém pede explicações, mas não processa.

Deputados paulistas aprovaram lei antifumo que proíbe até os fumódromos. O cerco aos fumantes deixou as coisas assim: o único espaço fechado em que você pode fumar é a sua casa (permite-se o fumo em tabacarias, mas onde há uma? a mais próxima da minha casa fica a uns 250km daqui). Eu não gosto de cigarros, mas gosto menos ainda de quem queira interferir na liberdade de estabelecimentos comerciais — eles que se entendam com seus clientes e os deputados que procurem algo mais importante para fazer. O crime e o trânsito matam muito mais e cadê esse pessoal pago com dinheiro público fazendo algo?

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Revolução com os filhos dos outros

parenthood

1) Infância e aborto. Aos poucos a questão em Recife revela-se mais como oportunismo do ativismo abortista do que como questão de saúde pública ou do bem-estar da criança que é o centro da questão. Caso queira entender melhor toda a história, leia isto. Para resumir: o aborto foi realizado sem parecer médico consistente de que havia risco para menina, contrariou a vontade de seu pai (que era contra o aborto) e contou com a aprovação de uma mãe claramente coagida neste sentido. A discussão fica ainda mais complicada para os abortistas diante disto e disto.

2) Proibido usar “pai” e “mãe”. Na California, um projeto de lei propõe banir os termos “pai” e “mãe” nas escolas e em materiais e documentos escolares. A proposta atende às reivindicações dos movimentos gayzistas daquele estado norte-americano. Doideira total, que reforça o que eu havia destacado num post anterior: o idioma usado em benefício do movimento revolucionário.

3) O pai adotivo e a porcaria da imprensa brasileira. A propósito da novilíngua, a imprensa brasileira já escolheu seu lado no caso do menino Sean. Matéria do Estadão chama o padrasto de pai adotivo. Repare que o pai do menino é chamado de pai biológico, reforçando o contraponto; o litígio não é entre pai biológico e pai adotivo, é evidente, mas entre pai e padrasto. Se eu fosse assinante dessa bomba, iria correndo ao Procon mais próximo.

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Fica patente, nos três casos, o interesse que muitos grupos têm de aproveitar casos polêmicos e de grande repercussão em benefício de seus próprios interesses agendas revolucionárias — usam-nos como alavancas para a transformação do mundo.

A menina deve abortar, não importa que não haja riscos, não importa o que pensam seus pais. Não se deve falar em pai e mãe, deve-se tratá-los por nomes genéricos, já que o papai quer na verdade ser mamãe e a mamãe quer ser papai — e é bom não ofendê-los em seu desejo de contrariar o que a natureza lhes determinou. Um padrasto se transforma em pai adotivo pelas mãos de um foquinha, como se a adoção já tivesse sido legalmente resolvida antes que o litígio se constituísse.

Estes problemas parecem pequenos quando comparados com questões maiores — violência urbana incessante, as enchentes e vítimas das águas de março, crises econômicas galopantes etc. O que os torna grandes é precisamente a forma como são tratados e não o que são: questões familiares, que na pior das hipóteses devem ser resolvidas num tribunal, sem perder de foco as vidas das pessoas diretamente envolvidas no caso. O que os torna grandes — e importantes — é o fato de que esse oportunismo (da imprensa, de militantes, de ativistas, de legisladores) oferece riscos — estes sim, grandes — às nossas vidas.

E se você não vê esses riscos provavelmente já está jogando no time dos revolucionários.

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O fundamentalismo da imprensa

camisa de força
Eu sabia que essa imagem seria útil um dia…

Então, né, todo mundo revoltadinho porque o arcebispo excomungou os médicos que fizeram o aborto na menina. Donde a surpresa? Queriam que o arcebispo fizesse sinal de jóinha para eles? Aborto é aborto, sem nuances, sem talvez ou discussão. A regra é clara: fez, tá fora da Igreja, seu projeto de cristão.

Acusar o arcebispo de fundamentalismo — entre outras coisas piores — é fácil pacas. Difícil mesmo é a imprensa admitir o fundamentalismo de sua própria reação.

Na prática a excomunhão impede que o excomungado receba alguns sacramentos da Igreja: batismo, comunhão, crisma e casamento. Ele não terá a porta de sua casa caiada; não terá um emblema costurado em sua roupa; não será alvo de piadinhas na rua; não será vítima de homens-bomba; não será atacado por uma praga de gafanhotos. Por que a histeria? Essa turma realmente se importa com batismo, comunhão, crisma e casamento? Me poupem.

Eis o perigo


Sobre a recente aprovação da pesquisa com embriões humanos, destaco três itens que são preocupantes, em especial para aqueles que acham que a decisão do STF foi um gesto racional e excelente em nome da ciência.

– Não existem evidências suficientes de que a pesquisa com embriões humanos possa vingar como desejam os cientistas. Muitos argumentam que esse desconhecimento se deve à própria proibição do uso de embriões humanos em pesquisas, por isso passemos ao próximo item.

– Aprovou-se o uso de embriões humanos sem que se chegasse um consenso a respeito do que eles são — seres humanos ou matéria-prima para laboratórios — ou se sua condição é definida pelos apelos da grita científica ou do populacho. Isto, obviamente, cria um precedente importante para a legalização do aborto. Na dúvida sobre o que é o embrião humano, como citado anteriormente, prefere-se eliminá-lo em nome da ciência. Vale relembrar isto:

Stricto sensu, uma nova vida humana se inicia no momento em que o óvulo é fecundado. O estabelecimento de qualquer limite dentro da escala que vai do óvulo recém-fecundado até o bebê recém-nascido significa criar espaço para que esse limite seja deslocado de acordo com os argumentos mais imbecis — como distinções léxicas. Um feto é um feto e um bebê é um bebê, mas todos são seres humanos dentro de uma escala que vai do óvulo fecundado até o indivíduo idoso. (link)

– O STF aprovou a pesquisa com embriões humanos sob condições específicas (por exemplo, o embrião deve ser inviáveis e os pesquisadores precisam da aprovação do casal que gerou o embrião). Para garantir que essas condições sejam respeitadas, o STF exige a criação de um órgão fiscalizador, compromisso já assumido pelo Governo Federal. Resta saber que tipo de fiscalização pode ser realizada por um governo que em outras esferas já provou ser incapaz de cumprir a lei e agir para proteger e dignificar a vida humana.

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(Imagem obtida aqui)

Como pensam os imbecis

Um trecho de um diálogo que tentei manter com uma pessoa recentemente. Não o publico aqui pelo que diz sobre o tópico em si (aborto), que já foi discutido em outros artigos neste site, mas por ilustrar rica e ao mesmo tempo brevemente como pensam os imbecis. Eles pensam, sim; apenas não têm consciência nem controle sobre isso. É daí que surgem estas pérolas:

— Eu preferia mil vezes ser abortado do que [sic] ser um filho indesejado.
— Suponhamos então que sua mãe não o queira mais. Tudo bem se você for “abortado” agora?
— Agora é muito tarde. Por isso tem que haver uma escolha em tempo hábil. Esta escolha muda toda a vida de uma família. Se uma mulher não abortar e dedicar um ano de sua vida ao filho ela vai achar que fez bem em não abortar.
— E se ela abortar, como ela vai saber se fez bem ou se fez mal?
— Uma decisão tem que ser tomada de acordo com o momento.
— Depois desta, sem mais perguntas. De todas as bobagens que você disse desde o início deste tópico, esta foi a maior.